sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O esquerdismo se revela

O esquerdismo se revela


por Roberto Mattoso Câmara Filho (revista "A Ordem" dezembro 1961)


Em recente artigo publicado nesta revista, José Carlos Barbosa Moreira aponta o paradoxo atual da adoção, pela assim denominada esquerda, das atitudes conhecidas como típicas da direita revolucionária há alguns anos atrás. A constatação é precisa, e deixa armado o paradoxo.

Quando lia o inventário das atitudes políticas da direita de então assumidas hoje pela esquerda, lembrei-me da tristeza com que um amigo, crente fervoroso da democracia, me reproduziu as palavras de um amigo seu, militante de partido cristão, a respeito da questão, eleições no funcionamento do organismo político: "E para que eleições!" Esta frase vinda de um militante de partido democrático dá para meditar.

Quando passei por este trecho de referências psicanalíticas, ocorreu-me a leitura de trechos de um livro de um marxista, "A destruição da Razão". O autor, George Lukacs, faz um levantamento das linhas e sublinhas das filosofias consideradas por ele irracionalistas, e pretende mostrar que o procedimento delas é uma fuga aos problemas infraestruturais através do mergulho nos domínios do irracional e do mito.

Ora, não fosse o autor um marxista, teria que acrescentar a seu livro um capítulo, onde analisaria, à luz de uma razão autenticamente filosófica e desmistificada, coisas como a dialética na matéria, a dialética na história, para não falarmos na função redentora do proletariado. O marxismo apresenta uma filiação racionalista, aparentando-se com Descartes através do idealista Hegel, mas, como é peculiar às filosofias híbridas, também rende seu culto ao irracionalismo moderno.

É esta via irracionalista do marxismo que pode explicar o paradoxo de as bandeiras irracionalistas terem passado, atualmente, das mãos dos revolucionários da direita para as dos esquerdistas.

A questão fica melhor compreendida se lembrarmos que a direita de outrora, cujo comportamento é agora plagiado com convicção pela esquerda, era tão revolucionária quanto esta última. Direita, no dicionário politico de anos atrás, era conceito que repelia conotação conservadora e implicava em ideologia revolucionária. Os direitistas eram tão inimigos dos burgueses e de suas instituições quanto o são hoje os esquerdistas. E há um ponto comum entre a esquerda e a direita, fonte de uma simetria siamesa, de que muita gente está hoje esquecida: a veneração do estado.

Os direitistas eram inimigos e dinamitadores de um estado, com vistas à instauração e à sagração de um outro estado. A destruição do Estado burguês era tanto sua obsessão quanto é hoje para o comunista. E o mais interessante, no ódio comum ao Estado burguês, é que ele nasce de um conceito comum divinizador do Estado e de uma crítica à minimização do Estado burguês. Direita outrora, esquerda hoje pretendem uma absolutização do Estado, num procedimento muito diverso do corpo político dominado pela burguesia que lhe entregava a supervisão do supérfluo, que lhe outorgava meras funções de polícia de vigilância.

O Estado para a direita revolucionária era também um absoluto, o Absoluto. A teoria política dos direitistas se concentrava também no conceito de Estado totalizador, integralizador, como um entidade que absorve todos os órgãos criados pelo organismo político, comunicando-lhes seu modo de ser, e que absorve, também e sobretudo, modelando-os, dando-lhes seu plasma, os homens sob sua suserania.

A direita também se comunicava com o Absoluto. Assim como para o comunista existe o Partido Comunista, ser meio natural, composto de homens que se matam uns aos outros pelo poder, meio sobrenatural, que é intérprete do Estado e conhece, por isso, os segredos do Absoluto, para o direitista existia  o partido nazista ou fascista. Também, o conceito de partido para a direita revolucionária era diverso do democrático. Os partidos, ou melhor, o pluripartidarismo, traduzia aos olhos do homem da direita aquela desagregação própria do Estado-polícia-de-vigilância da sociedade burguesa. Um direitista que visse as atitudes de seu partido revolucionário consideradas como meras atitudes políticas expressando o pensamento de um grupo de homens no gozo de seu livre arbítrio, sentiria rebaixada sua dignidade de intérprete da história. A direita revolucionária ouvia a história e fazia a história através de seu partido.

Nada mais natural, portanto, que as bandeiras das fascistas e nazistas sejam hoje desfraldadas pelos esquerdista nas paradas da política. A grande autoridade, diante de quem desfilam hoje os esquerdistas, é a mesma que presidia às paradas dos direitista: o Estado.

No entanto, há algumas observações a fazer quanto às repetições da esquerda do presente.

A primeira é que a confissão totalitária redunda, ao mesmo tempo, num mérito e num crescimento no erro por parte da esquerda. É que sua atitude de hoje representa uma explicitação e uma confissão de coerência frente a suas premissas. Ela é mais coerente, lógica e sistemática, hoje, do que foi há tempos, quando pedia emprestadas bandeiras com símbolos democráticos para acenos de simpatia. Temos de agradecer-lhe, neste ponto, pela abertura do jogo. Hoje não mais esconde que seu Absoluto é o Estado e que a perfeição do processo histórico consumada no Estado dispensa e rejeita até expedientes alienatórios quais os de eleições, livre organização sindical, pluripartidarismo, etc. O Estado tem a história a lhe sussurrar seus segredos e suas vontades e dispensa, perfeitamente, os adminículos da opinião pública. Isto representa, também, uma consumação e uma perfeição do erro.

A segunda observação, decorrente da primeira, é que a admissão do jogo democrático no passado constituiu uma simulação visando a esconder as verdadeiras e originais intenções antidemocráticas da filosofia da esquerda. Os de esquerda nunca poderiam ser , de fato, simpáticos ao jogo democrático, ou mesmo ainda à filosofia política democrática. A essência de sua filosofia política repele as figuras, a dinâmica e o espírito da autêntica democracia. A absolutização da Estado é um expediente filosófico que, pelas leis lógicas das estruturas filosóficas, rejeita o conceito de pessoa humana como núcleo ontológico superior ao estado e com uma vocação de valência superior à do Estado. Ora, os expedientes democráticos decorrem da organização política que visa a fazer do Estado um instrumento a serviço dos corpos políticos  constituídos pelos cidadãos, enquanto homens no uso de sua razão. O Estado se submete à ordenação racional que as pessoas constituídas em corpo político lhe imprimem, e para esta ordenação são necessários os pronunciamentos democráticos e a instituição de processos democráticos respectivos.  Decorre que, pelas leis das essências, a esquerda não poderia reconhecer estatuto filosófico aos processos democráticos.

A terceira observação diz respeito a uma falsa ambivalência da esquerda de outrora, consistente na presença de linhas de força coletivistas ao lado de linhas de força humanistas, hoje desmascaradas e reduzidas à monovalência do coletivismo. Outrora muitos se engajaram na esquerda iludidos pela restauração dos direitos do homem e da dignidade de pessoa humana, de que a esquerda se proclamava campeã. Hoje a esquerda confessa seu desamor ao homem enquanto homem, ser espiritual, trombeteia a prevalência do homooeconomicus. É claro que para uma concepção do homem em que este seja visto apenas como homo faber, ser fabricante de ferramentas, a filosofia democrática e seus processos constituem superfluidades e até estorvos. Observemos, entre parenteses, que uma filosofia política recebe seu modo de ser, em virtudes das leis lógicas internas a uma filosofia, da concepção do homem que ele apresentar ou que lhe for apresentada.

O irracionalismo em sua forma típica de divinização do Estado não sofre, portanto, solução de continuidade passando das mãos da direita para as da esquerda. E a esquerda se mostra mais radical, mais solícita ao misterium tremendum encarnado pelo Estado, mais ávida de oferendas ao Leviatã que amplia seu altar até  o tamanho do "paredón".

No reino de Leviatã, não há dúvida, "para que eleições!", basta um "paredón" para os que negarem culto ao deus ciumento. E não exagero, que um esquerdista meu parente, também escarninho quanto a eleições e outras quejandas da democracia, me lançou na cara que a existência dos Estados Unidos é nossa garantia única, ainda, contra um "paredão" que virá para nós, quando assim decidir a dialética da história.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Apenas para Católicos

O método PPP.

Como escolher um candidato
Na proximidade das eleições, é preciso oferecer aos cristãos um critério sólido para escolher os candidatos.
Se um edifício tem uma fachada linda, paredes bem resistentes, pilares grossos, mas não tem alicerce, ninguém de bom senso se atreverá a morar nele.
Assim, há candidatos com muitas qualidades humanas: capacidade de administração, boa retórica, boas relações com o público, preparo intelectual, mas nenhum cristão pode votar neles se houver falhas no que há de fundamental: o respeito à vida e à família.
Para escolher um candidato, é preciso examinar três coisas: primeiro, o seu Partido, segundo o seu Passado e, por último, as suas Promessas. É importante observar a ordem deste PPP. As Promessas estão em último lugar. Não devemos dar importância a elas se o Partido do candidato é antivida ou se o candidato no seu Passado favoreceu a cultura da morte.
1º) O Partido
A Igreja, justamente por ser católica, isto é, universal, não pode estar confinada a um partido político. Ela “não se confunde de modo algum com a comunidade política”[1] e admite que os cidadãos tenham “opiniões legítimas, mas discordantes entre si, sobre a organização da realidade temporal”[2].
Isso não significa, porém, que os fiéis católicos podem filiar-se a qualquer partido. Há partidos que abusam da pluralidade de opinião para defender atentados contra a lei moral, como o aborto e o casamento de pessoas do mesmo sexo. “Faz parte da missão da Igreja emitir juízo moral também sobre as realidades que dizem respeito à ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas[3].
Um exemplo de um partido incompatível com a moral cristã é o Partido dos Trabalhadores (PT). No 3º Congresso do PT, ocorrido entre agosto e setembro de 2007, foi aprovada a resolução “Por um Brasil de mulheres e homens livres e iguais”, que inclui a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público[4]. Todo candidato filiado ao PT é obrigado a acatar essa resolução. O Estatuto do PT põe como requisito para ser candidato pelo Partido “assinar e registrar em Cartório o ‘Compromisso Partidário do Candidato ou Candidata Petista’” (art. 140, c)[5]. Tal assinatura, diz o Estatuto, “indicará que o candidato ou candidata está previamente de acordo com as normas e resoluções do Partido, em relação tanto à campanha como ao exercício do mandato” (art. 140, §1º). Se o político contrariar uma resolução como essa, que apoia o aborto, “será passível de punição, que poderá ir da simples advertência até o desligamento do Partido com renúncia obrigatória ao mandato” (art. 140, §2º). Em 17 de setembro de 2009, dois deputados petistas (Luiz Bassuma e Henrique Afonso) foram punidos pelo Diretório Nacional. O motivo alegado é que eles “infringiram a ética-partidária ao ‘militarem’ contra resolução do 3º Congresso Nacional do PT a respeito da descriminalização do aborto[6].
Não deve causar espanto que o PT aprove o aborto, uma vez que já no artigo 1º de seu Estatuto, tal partido se declara defensor de uma doutrina inúmeras vezes condenada pela Igreja: o socialismo[7].
Convém aqui recordar o ensinamento dos dois Papas canonizados pelo Papa Francisco: João XXIII e João Paulo II.
São João Paulo II explica que “o erro fundamental do socialismo é de caráter antropológico. De fato, ele considera cada homem simplesmente como um elemento e uma molécula do organismo social. [...] O homem é reduzido a uma série de relações sociais, e desaparece o conceito de pessoa como sujeito autônomo de decisão moral”[8].
O socialismo vê na criança por nascer algo que está subordinado à vontade da sociedade. Se for proveitosa para a sociedade, que nasça. Se for trazer ônus ao Estado, se trouxer mais custos que benefícios, que seja abortada.
Explica-se assim como há uma afinidade estreita entre o socialismo e a causa abortista. Não é à toa que o primeiro país do mundo a legalizar o aborto foi a Rússia, em 1920, logo após a revolução comunista de 1917. Não é à toa também que durante a vigência do nazismo (nacional socialismo), a Alemanha legalizou a prática do aborto com fins de purificação da raça (eugenia). Não é à toa que na China, que se tornou comunista desde a revolução de 1949, o aborto não é só permitido, mas até obrigatório como meio de controle de natalidade. E não é à toa que em Cuba, sob o regime dos irmãos Castro, ocorrem anualmente cerca de 66 abortos provocados para cada 100 partos![9]
Poderia haver um tipo de socialismo tão suave que pudesse ser aceito pelos cristãos? A essa pergunta, São João XXIII responde negativamente, recordando os ensinamentos de seu predecessor Pio XI: “Entre comunismo e cristianismo, o Pontífice declara novamente que a oposição é radical. E acrescenta não poder admitir-se de maneira alguma que os católicos adiram ao socialismo moderado”[10].
Eis a lista dos partidos políticos brasileiros que se declaram comunistas ou socialistas:
Partido dos Trabalhadores (PT) – 13
Partido Comunista Brasileiro (PCB) – 21
Partido Popular Socialista (PPS), sucessor do PCB – 23
Partido Comunista do Brasil (PC do B) – 65
Partido da Causa Operária (PCO) – 29
Partido Democrático Trabalhista (PDT) – 12
Partido da Mobilização Nacional (PMN) – 33
Partido Pátria Livre (PPL) – 54
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) – 50
Partido Socialista Brasileiro (PSB) – 40
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) – 16
Partido Verde (PV)[11] – 43
Exclua, portanto, os candidatos cujos números começam por
13, 21, 23, 65, 29, 12, 33, 54, 50, 40, 16 e 43.
Não votar em tais candidatos – mesmo que sejam seus amigos – é um ato de correção fraterna. Votar neles é ser cúmplice do erro que eles cometeram ao filiar-se a um partido anticristão.

2º) O Passado
Excluídos os candidatos pertencentes aos partidos acima, é preciso agora examinar o passado de cada candidato. Se ele já foi parlamentar, deve-se examinar como foi o seu voto nas questões relativas à vida e à família. Verifique, por exemplo[12]:
1) se em 02/03/2005 ele foi um dos deputados que votou contra ou a favor do artigo 5º da Lei de Biossegurança, que permite a destruição de embriões humanos.
2) se em 13/08/2008 ele foi um dos deputados que assinaram o Recurso 0201/08, de José Genoíno (PT/SP), solicitando que o projeto abortista PL 1135/91 não fosse arquivado, mas primeiro fosse apreciado pelo plenário da Câmara.
3) se em 28/05/2009 ele foi um dos deputados que assinaram a PEC 367/2009, pretendendo dar um terceiro mandato (pró-aborto) ao presidente Lula.
4) se em 19/05/2010 ele foi um dos deputados que votaram contra o Estatuto do Nascituro na Comissão de Seguridade Social e Família.
5) se em 22/04/2014 ele foi um dos senadores que votaram a favor da ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação.

3º) As Promessas
As promessas de defender a vida desde a concepção até a sua morte natural etc., ainda que sejam feitas por escrito e assinadas, só têm algum valor se o candidato já venceu as duas etapas anteriores: o Partido e o Passado. É totalmente inútil, por exemplo, que um candidato petista (que, portanto, já assinou o Compromisso Partidário do Candidato Petista em defesa do aborto) venha agora assinar um outro compromisso em defesa da vida. Cuidado, portanto, com os “pró-vida” de última hora!
Anápolis, 13 de agosto de 2014.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis

[1] Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, n. 76.
[2] Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, n. 75.
[3] Catecismo da Igreja Católica, n. 2246, citando “Gaudium et Spes, n. 76.
[4] Resoluções do 3º Congresso do PT, p. 82. in: http://old.pt.org.br/arquivos/Resolucoesdo3oCongressoPT.pdf
[5] Partido dos Trabalhadores. Estatuto, art. 140, c in: http://old.pt.org.br/arquivos/ESTATUTO_PT_2012_-_VERSAO_FINAL_registrada.pdf
[6] DN suspende direitos partidários de Luiz Bassuma e Henrique Afonso. Notícias. 17 set. 2009, in: http://www.pt.org.br/portalpt/documentos/dn-suspende-direitos-partidarios-de-luiz-bassuma-e-henrique-afonso-254.html
[7] “Art. 1º – O Partido dos Trabalhadores (PT) é uma associação voluntária de cidadãos e cidadãs [...] com o objetivo de construir o socialismo democrático”.
[8] JOÃO PAULO II, Encíclica Centesimus annus, 1991, n. 13.
[9] Cf. Anuario Estadístico de Salud 2013, p. 166, in: http://files.sld.cu/dne/files/2014/05/anuario-2013-esp-e.pdf
[10] João XXIII, Encíclica Mater et magistra, 1961, n.º 31
[11] O PV não se declara socialista, mas em seu Programa defende o homossexualismo e a legalização do aborto (cf. http://pv.org.br/wp-content/uploads/2011/02/programa_web.pdf).
[12] Pode-se verificar isso clicando em “Como votaram”, no sítio do Pró-Vida de Anápolis:http://www.providaanapolis.org.br

terça-feira, 9 de julho de 2013

Julgamento

Boff julga Lumen Fidei

Leonardo Boff decide julgar a Encíclica Lumen Fidei do Papa Francisco e após muitas besteiras arremata com o parágrafo abaixo.
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 "     Mas se constata na Encíclica uma dolorosa lacuna que lhe subtrai grande parte da relevância: não aborda as crises da fé do homem de hoje, suas dúvidas, suas perguntas que nem a fé pode responder: Onde estava Deus no tsunami que dizimou milhares de vida ou  em Fukushima? Como crer depois dos massacres de milhares de indígenas feitos por cristãos ao longo de nossa história, dos milhares de torturados e assassinados pelas ditaduras militares dos anos 70-80? Como ainda ter fé depois dos milhões de mortos  nos campos nazistas de extermínio? A encíclica não oferece nenhum elemento para respondermos a estas angústias. Crer é sempre crer apesar de…A fé não elimina as dúvidas e as angústias de um Jesus que grita na cruz:”Pai, por que me abandonaste”? A fé tem que passar por este inferno e transformar-se em esperança de que para tudo existe um sentido,  mas escondido em Deus. Quando se revelará?
 Leonardo Boff"


" Mas se constata na Encíclica uma dolorosa lacuna que lhe subtrai grande parte da relevância: não aborda as crises da fé do homem de hoje,..."
 
A crise de fé tratada como sendo crises de fé "do homem de hoje", é algo impessoal, como se a crise de fé não ferisse a um coração em particular, não fosse sentida e chorada no escuro do quarto, como realmente deve ser. Não existe salvação coletiva, a salvação é sempre individual. Porque quando discutimos o problema do sofrimento, a questão colocada é sempre uma tragédia com muitos mortos, como se  cada morto,  cada tragédia pessoal  já não bastasse para o desenvolvimento de questões teológicas, mas para que a questão seja objeto da grande midia um rio de sangue é bem melhor que uma dor particular, como se Deus usasse estes mesmos parâmetros .
" Onde estava Deus no tsunami que dizimou milhares de vida ou em Fukushima? Como crer depois dos massacres de milhares de indígenas feitos por cristãos ao longo de nossa história, dos milhares de torturados e assassinados pelas ditaduras militares dos anos 70-80? Como ainda ter fé depois dos milhões de mortos nos campos nazistas de extermínio?"

Onde estava Deus quando os Romanos quase dizimaram os Judeus em 70 dc, etc etc.
Frases de efeito para costurar um sentimento anti religioso, anti clerical, as diferenças entre eras antigas com crises antigas e o tempo atual com suas dificuldades são basicamente, o avanço das mídias e o aprimoramento dos demônios "high-tech", nem religiosos hereges são novidades.


Leonardo Boff baba... "A fé não elimina as dúvidas e as angústias de um Jesus que grita na cruz”
Cristo não grita na cruz "Pai, por que me abandonaste?” porque esperasse mais do Pai ou porque seu Pai fosse surdo, (ele gritou sim, mas para que os homens ouvissem) Ele sabia que quem desejasse segui-lO seria muito assediado pelo sentimento de abandono, de fim próximo e falta de perspectiva, sabia também que somente a fé na sua ressurreição poderia aplacar os momentos de solidão e desalento certos de virem a acorrer na vida de cada cristão.

" A encíclica não oferece nenhum elemento para respondermos a estas angústias. "
Toda angústia é falta de fé, todo medo é falta de fé, todo desespero é falta de fé, o temor do Senhor é a resposta suficiente e necessária. A encíclica Luz da fé só não foi lida pelo seu Boff.

Finalmente para seo Boff, " A fé tem que passar por este inferno e transformar-se em esperança de que para tudo existe um sentido," que nem podemos discordar, mas então ele se coloca em posição de exigir contas de Deus "mas escondido em Deus. Quando se revelará?"

Ele não gostou a encíclica.. Graças a Deus.

Estudos da CNBB 104 101


Quando os responsáveis legais por uma criança são, declarada e publicamente, contra a doutrina católica, o batismo desta criança, somente seria admissível se em perigo de morte. A fé não deve e nem pode ser ato contra a vontade ou não terá valor, assim sendo e respeitando-se os envolvidos se evita um ato inócuo.

Não sendo possível a conversão dos responsáveis legais, deve-se esperar que a criança atinja a idade da razão e conhecendo a doutrina busque o batismo.

Cân. 868 – § 1. Para que uma criança seja licitamente batizada, é necessário que:
 1º os pais, ou ao menos um deles ou quem legitimamente faz as suas vezes, consintam;
 2º haja fundada esperança de que será educada na religião católica; se essa esperança faltar de todo, o batismo seja adiado segundo as prescrições do direito particular, avisando-se aos pais sobre o motivo.
 § 2. Em perigo de morte, a criança filha de pais católicos, e mesmo não-católicos, é licitamente batizada mesmo contra a vontade dos pais”.


Estudos da CNBB 104
101. Em nossas paróquias participam pessoas unidas sem o vínculo sacramental, outras estão numa segunda união, e há aquelas que vivem sozinhas sustentando os fi lhos. Outras configurações também aparecem, como avós que criam netos ou tios que sustentam sobrinhos. Crianças são adotadas por pessoas solteiras ou por pessoas do mesmo sexo que vivem em união estável.

É preciso precaução para que pares de mesmo sexo, abusando de sua condição de responsáveis legais sobre menores e desejando criar escândalo na Igreja, peçam o sacramento, para de forma pública simular a conivência da Igreja para com sua conduta anti cristã. Neste caso, com a concordância do padre, com padrinhos qualificado e em ato restrito que deixe claro o desejo do batismo e não a ofensa aos cristãos, a criança receberia a graça do batismo, senão alerta-se aos envolvidos que quando for o tempo certo a criança poderá pedir por si.

Duas pessoas de mesmo sexo em união estável são, declarada e publicamente, contra a doutrina católica.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

Fé e Religião



Ninguém diz conscientemente "Até amanhã" se não tiver fé!

A luz do conhecimento é uma luz voltada para o passado, mesmo quando informa eventos futuros, nenhum método científico prova e existência do amanhã, apenas pode supor que o amanha exista e "tem fé" que o amanhã venha a existir mas Não tem como provar.

Todos nós, por uma convicção sem sentido, acreditamos que o dia de amanhã virá com certeza, mas nada possuímos que possa comprovar esta certeza.

A fé é um dom que Deus entrega a todos os seres humanos sem distinção e isto permite que vivamos no tempo,a cada momento vivido cremos no momento seguinte e desta foma e apenas sustentados pela fé criamos a ilusão do tempo, nesta ilusão vive a nossa ciência e a nossa razão.

A preocupação do pregador da fé em Cristo, com a falta de fé do ateu esbarrava na afirmação do ateu de que não tinha fé, e na afirmação de que a fé é para os menos aptos. Como ensinar a ter fé, como fazer alguém acreditar em algo que "não se pode comprovar", como conversar com que não tem fé?.

Este é o grande abismo separando o crente com fé do ateu sem fé, mas é uma abismo ilusório e inexistente, o ateu por algum motivo pode não ter fé em Cristo, pode não ter fé no que Cristo pregou, mas a fé básica nem o ateu mais reticente pode, sendo sincero, negar que tem!

A fé de que o amanhã virá, que o amanhã existirá é tão sedimentada em nossa vida que parece absurdo tratar disto como assunto de fé. Todo ateu tolo dirá que para que o amanhã exista eu não preciso acreditar, posso até duvidar e nem de longe preciso ter fé de que isto acontecerá pois isto acontecerá ainda que eu não creia. Claro, claro, claríssimo, mas hoje não temos como comprovar que o amanhã virá, assim como tudo que temos certeza mas não temos como comprovar apenas dizemos assim será, queiram os descrente ou não e com a mesma convicção dos fanáticos de que o amanhã virá.

Enquanto o conhecimento e a razão são luzes que nos ajudam na nossa vida e preparam o nosso futuro, eles mesmos, conhecimento e razão, não podem garantir que o futuro venha a existir, toda a dedicação despendida no acúmulo de conhecimento e domínio da razão não nos garantem um dia seguinte, se nos preocupamos com a razão e com o conhecimento é porque é a fé que nos permite o futuro.

Mesmo o mais renhido ateu só pode dizer "até amanhã" para alguém se tiver uma "lanterna de fé" que lhe explique o que este amanhã, não totalmente provável, seja. Vivemos de forma tão imersa na fé, infinitamente mais imersos que no ar que respiramos, que embora imaginemo-nos sufocando por falta de ar, ainda assim acreditamos que o amanhã existirá mesmo que nós não consigamos ver este amanhã.

Conheço pessoas que afirmam viver tendo apenas esta "fé básica". Eu prefiro dizer fé vazia.

Compreendida a fé como dom presente a todos os seres humanos, podemos conversar sobre como avançar com esta fé muito mais longe que apenas dias de vida.

Cristo sabia que além de apontar para o futuro e fé precisava iluminar este futuro e Ele não tinha a intenção de ser uma lâmpada que ilumina o chão, mas uma luz que ilumina a vida e também a vida ainda não vivida.
« Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas » (Jo 12, 46)

A luz da fé é a expressão com que a tradição da Igreja designou o grande dom trazido por Jesus.
(Lumen Fidei - Papa Francisco)


Que adianta toda a ciência e toda a tecnologia se estamos mortos??

Por isso, urge recuperar o caráter de luz que é próprio da fé, pois, quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu vigor. De facto, a luz da fé possui um caráter singular, sendo capaz de iluminar toda a existência do homem. Ora, para que uma luz seja tão poderosa, não pode dimanar de nós mesmos; tem de vir de uma fonte mais originária, deve porvir em última análise de Deus
(Lumen Fidei - Papa Francisco)

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A mídia e o cidadão

A mídia e o cidadão

Wilson Ramiro (parafraseando Antônio Gramsci)

2013

Os canais de televisão preparam "suas chamadas", propagandas cada vez mais elaboradas que atraem a atenção do público (isto é, do telespectador) para a sua mercadoria. A mercadoria é toda a programação que dia a dia vai injetar no espírito do cidadão os modos de sentir e de julgar os fatos da atualidade política que mais convém aos inimigos da família e da sociedade. Estamos dispostos a discorrer, com o homem de bem especialmente, sobre a importância e a gravidade daquele ato aparentemente tão inocente que consiste em escolher a rede que se pretende assistir!
É uma escolha cheia de insídias e de perigos que deveria ser feita com consciência, com critério e depois de amadurecida reflexão. Antes de mais, o cidadão deve negar decididamente qualquer solidariedade com a rede que não tenha a sua ideia de vida. Deveria recorda-se sempre, sempre, sempre, que a rede de televisão que não defenda o interesse do povo (qualquer que seja sua cor) é um instrumento de luta movido por ideias e interesses que estão em contraste com os seus. Tudo o que se divulga é constantemente influenciado por uma ideia: servir ao partido dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater o cidadão que paga impostos. E, de fato, da primeira à última programação, o canal anti vida sente e revela esta preocupação. Mas o pior reside nisto: em vez de pedir dinheiro aos comunistas para o subvencionar a obra de defesa exposta em seu favor, o canal governista consegue fazer-se pagar pelo próprio cidadão que paga impostos, cidadão que ele combate sempre. E o povo paga, pontualmente, generosamente. Centenas de milhares de cidadãos contribuem regularmente todos os dias com sua audiência para o canal anti família, aumentando a sua potência. Porquê? Se perguntarem ao primeiro trabalhador que encontrarem no ônibus ou na rua, defendendo a rede globo, ouvirão esta resposta: É porque tenho necessidade de saber o que há de novo. E não lhe passa sequer pela cabeça que as notícias e os ingredientes com as quais são cozinhadas podem ser expostos com uma arte que dirija o seu pensamento e influa no seu espírito em determinado sentido. E, no entanto, ele sabe que tal canal é vendido, que outro é interesseiro, que o terceiro, o quarto e quinto estão ligados a grupos políticos que têm interesses diametralmente opostos aos seus. Todos os dias, pois, sucede a este mesmo trabalhador a possibilidade de poder constatar pessoalmente que os canais que seguem o governo apresentam os fatos, mesmo os mais simples, de modo a favorecer aos políticos que usam do poder e a política do governo com prejuízo da própria política e do trabalhador.
O governo aprova uma lei? É sempre boa, útil e justa, mesmo se não é verdade. Desenvolve-se uma campanha eleitoral, política ou administrativa? Os candidatos e os programas melhores são sempre os dos partidos do governo. E não falemos daqueles casos em que o canal de televisão ou cala, ou deturpa, ou falsifica para enganar, iludir e manter na ignorância o público trabalhador. Apesar disto, a aquiescência culposa do cidadão em relação ao canal de televisão é sem limites. É preciso reagir contra ela e despertar o cidadão para a exata avaliação da realidade. É preciso dizer e repetir que a audiência atirada distraidamente para a mão do pesquisador é um projétil oferecido ao canal de televisão que o lançará depois, no momento oportuno, contra o próprio cidadão.
Se as pessoas de bem tomassem ciência desta elementaríssima verdade, aprenderiam a boicotar a imprensa anti vida, em bloco e com a mesma disciplina com que o governo boicota a vontade da maioria da população, isto é, a maioria cristã.
Não contribuam com o dinheiro para a imprensa que é contra a vida que vos é adversária: eis qual deve ser o nosso grito de guerra neste momento, caracterizado pela campanha anti família, feitas por todos os meios de comunicação. Boicotem, boicotem, boicotem!

terça-feira, 4 de junho de 2013

Pessoa de bem.


Só faz o mal quem ignora, sentenciava Sócrates, pelo que, o sábio deveria ter por principal cuidado espancar as trevas intelectuais; com a luz a refulgir, reinaria, por via de consequência a virtude.

Ideal racionalista, que atravessou séculos e anima ainda o sonho pueril e perigoso do cientificismo; sob forma aliás descaída, pois que Sócrates pelo menos ensinava moral, enquanto o ingênuo cientificista se lhe afigura regenerar o mundo espargindo cultura -- como se a barbárie científica não fosse uma realidade.

A quem vive perdido na utopia, mostram os fatos a possibilidade de percebermos claramente a verdade moral, desobedecendo-lhe todavia. Não apenas a inteligência, senão ainda vontade livre, tal é o homem. Conheça embora os preceitos da ética e lhes admita a validade, pode ainda contrariá-lo, pecar.

Para não falar em Ovídio, já o experimentava São Paulo: "O querer está em mim, não consigo realizar o bem; porque não faço o bem que desejo, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm 7, 18-19).

Afagaria pois, perigosa ilusão, quem cuidasse que a instrução religiosa por si só deveria de gerar católicos sem jaça. Aí está a triste e cotidiana experiência a patentear como profundo conhecimento do dogma e da moral é compatível com medíocre vida cristã. Todos nós já encontramos católicos esclarecidos que prevaricam quando podem. De ordinário culpam-se os métodos catequéticos, a pedagogia cristã. Revela esta crítica profunda ilusão. A força de agir sobre a matéria bruta com resultados infalíveis, imaginamos poder atingir igual "eficiência" no trato com homens. Esquecemos que estes não são máquinas, mas sim pessoas livres. O pedagogo, ainda quando logra em rara vez -- penetrar além da superfície do eu, vê escapar-lhe a região tenebrosa onde se entrincheira, inviolável, o livre arbítrio, com o seu poder de resistir ao mesmo Deus. Porventura não era Jesus o sumo pedagogo? Não formou os Doze com zelo clarividente e indefesso, ensinando-lhes as mais sublimes doutrinas, obrando diante deles os mais estupendos milagre, arrastando-os pelos mais comovedores exemplos, Seduzindo-os pela magia de sua personalidade? Não obstante, houve entre os Doze um traidor. Judas deveria ter exterminado para sempre o Socratismo.

(Iniciação Teológica, Pe Penido)