quarta-feira, 30 de março de 2011

Não tinham nem uma coisa nem outra

Tudo o que eu até então ouvira sobre a teologia cristã me alienara dela. Eu era pagão aos doze anos de idade e um perfeito agnóstico aos dezesseis; e não posso entender ninguém que ultrapasse os dezessete anos sem ter-se feito uma pergunta tão simples. Eu retive, de fato. uma obscura reverência por uma deidade cósmica e um grande interesse histórico pelo Fundador do cristianismo. Mas certamente o via como um homem; embora talvez achasse que, mesmo sob esse aspecto, ele levasse vantagem sobre alguns de seus críticos modernos.
Li a literatura cética e científica do meu tempo — tudo nesse campo, pelo menos tudo o que pude encontrar em língua inglesa ao alcance de minhas mãos; e não li mais nada; quero dizer, mais nada de qualquer outro cunho filosófico. As obras sensacionalistas que também li pertenciam de fato a uma tradição heroica e sadia do cristianismo; mas eu não sabia disso naquele tempo. Nunca li uma linha de apologética cristã. Leio o menos possível disso atualmente.
Foram Huxley, Herbert Spencer e Bradlaugh que me trouxeram de volta à teologia ortodoxa. Eles me semearam na mente as primeiras fortes dúvidas da dúvida. Nossas avós estavam muito certas quando diziam que Tom Paine e os livres-pensadores perturbavam a cabeça. Perturbavam mesmo. Perturbaram a minha de um modo horrível. O racionalista me fez perguntar se a razão tinha alguma utilidade qualquer; e, quando terminei Herbert Spencer, eu já fora tão longe que duvidei (pela primeira vez na vida) se a evolução havia sequer acontecido. Quando depus a última das palestras ateias do Coronel Ingersoll, irrompeu o terrível pensamento: 'Tu quase me persuadiste a ser cristão". Eu o era de um modo desesperado.
Esse estranho efeito dos grandes agnósticos despertando dúvidas mais profundas do que aquelas que eles mesmos alimentavam poderia ser ilustrado de muitas maneiras. Tomo apenas uma. A medida que eu lia e relia todas as explicações não-cristãs ou anticristãs da fé, de Huxley a Bradlaugh, uma lenta e terrível impressão se formava gradativa mas graficamente em minha cabeça — a impressão de que o cristianismo deve ser maximamente extraordinário. Pois ele, no meu modo de entender, não só tinha os vícios mais ardentes, mas aparentemente tinha um talento místico para combinar vícios que pareciam incompatíveis entre si.
O cristianismo era atacado de todos os lados e por todas as razões contraditórias. Mal um racionalista acabara de demonstrar que ele pendia demais para o oriente, outro demonstrava com igual clareza que ele pendia demais para o ocidente. Mal a minha indignação se arrefecera diante de sua configuração quadrada angular e agressiva, minha atenção era novamente chamada para observar e condenar sua irritante natureza redonda e sensual. Caso algum leitor não tenha percebido aquilo de que estou falando, vou dar aleatoriamente os exemplos de que me lembro para ilustrar a contradição interna dos ataques dos céticos. Apresento quatro ou cinco casos; tenho mais cinquenta.
Assim, por exemplo, eu me comovia muito com o eloquente ataque contra o cristianismo pelo seu pessimismo desumano; pois eu pensava (e ainda penso) que o pessimismo sincero é o pecado que não tem perdão. Um pessimismo insincero é um refinamento social, mais agradável que desagradável; e felizmente quase todo pessimismo é insincero.
Mas se o cristianismo era, como essas pessoas diziam, algo puramente pessimista que se opunha à vida, então eu estava perfeitamente preparado para explodir a Catedral de São Paulo em Londres. O fato, porém, extraordinário era o seguinte: Eles me provavam no Capítulo 1, para minha plena satisfação, que o cristianismo era demasiado pessimista; e depois, no Capítulo 2, começavam a me provar que ele era, em grande parte, otimista demais. Uma acusação contra o cristianismo dizia que ele, com suas mórbidas lágrimas e terrores, impedia que os homens buscassem a alegria e a liberdade no seio da natureza. Mas outra acusação era que ele confortava os homens com uma providência fictícia, e os situava num mundo cor-de-rosa e branco.
Um grande agnóstico perguntava por que a natureza não era suficientemente bonita, e por que era difícil ser livre. Outro grande agnóstico objetava que o otimismo cristão, "o manto do faz-de-conta tecido por mãos piedosas", escondia de nós o fato de que a natureza era feia, e era impossível ela ser livre. Um racionalista mal terminara de chamar o cristianismo de pesadelo, e outro já começava a chamá-lo de falso paraíso.
Isso me intrigava; as acusações pareciam inconsistentes. O cristianismo não podia ser, ao mesmo tempo, a máscara negra de um mundo branco, e também a máscara branca de um mundo negro. A condição do cristão no mundo não podia ser, ao mesmo tempo, tão confortável que era uma covardia agarrar-se a ela, e tão desconfortável que era uma loucura suportá-la. Se o cristianismo falsificava a visão humana, devia falsificá-la de um jeito ou de outro; ele não podia usar óculos que eram verdes e também cor-de-rosa. Eu saboreei com alegria enorme, como fizeram todos os jovens daquela época, os sarcásticos insultos desferidos por Swinburne contra a insipidez do credo...


Tu conquistaste, ó pálido Galileu; o mundo com teu hálito assumiu a cor cinza.

Mas quando eu li as explicações do paganismo dadas pelo mesmo poeta (como, por exemplo, em "Atalanta"), concluí que, possivelmente, antes de o Galileu respirar sobre ele, o mundo era ainda mais cinza. De fato, o poeta defendia, em abstrato, que a vida em si era negra como o breu. E, mesmo assim, o cristianismo de algum modo a obscurecera. O mesmo homem que acusava o cristianismo de pessimismo era ele também um pessimista. Achei que devia haver algo de errado nisso. E por um louco instante passou-me pela cabeça que os melhores juízes para julgar a relação da religião com a felicidade talvez não fossem aqueles que, segundo seus próprios relatos, não tinham nem uma coisa nem outra.
(Chesterton; Ortodoxia)

terça-feira, 29 de março de 2011

O "Nada" Sagrado

Em apois aos neo ateus.
Os adoradores do "nada" sagrado seguirão em procissão pela ruas da cidade carregando, "nada", todos os seguidores de coisa nenhuma estão convocados, após a procisão haverá um ato de desagravo pela ofensas que "nada" tem recebido.

As leis do país protegem qualquer deus, mas deixam "nada" de lado, eles se esquecem que antes de qualquer deus, nada existia. Todos os homens que tem sua dignidade, sua honradez, seu carater baseados em nada devem estar vigilantes para que nada fique em pé em nossa sociedade.

Tem havido nos meio de comunicação muita confusão e muitas vezes dizem que nada é coisa nenhuma, mas é preciso afirmar a anterioridade de nada, e basta fechar os olhos para poder afirmar que nada existe. Para aqueles que afirmam que não acreditamos em nada, deixamos bem claro que acreditamos sim. Nada prevalecerá.
E finalmente, que fique bem claro que em nossa pregação nada merece respeito.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Bule Voador

A elaboração feita por Russel sobre um bule voador é muito interessante, mas convenhamos que se um "Bule Voador" pudesse ser tão ativo no coração da humanidade, e se Russel mentiu, eu mesmo daria um jeito de colocar em órbita, um jogo de jantar completo.

"Muitos indivíduos ortodoxos dão a entender que é papel dos céticos refutar os dogmas apresentados – em vez dos dogmáticos terem de prová-los. Essa ideia, obviamente, é um erro. De minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um Bule de Chá de porcelana girando em torno do Sol em uma órbita elíptica, e ninguém seria capaz de refutar minha asserção, tendo em vista que teria o cuidado de acrescentar que o Bule de Chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos. Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com razão pensariam que estou falando uma tolice. Entretanto, se a existência de tal Bule de Chá fosse afirmada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todo domingo e instilada nas mentes das crianças na escola, a hesitação de crer em sua existência seria sinal de excentricidade e levaria o cético às atenções de um psiquiatra, numa época esclarecida, ou às atenções de um inquisidor, numa época passada." (Russel)



O "Bule Voador" realmente existe!

Ele foi crido por índios americanos que deram a ele nomes e varias personalidades, dedicaram cultos e acreditaram nele. Ninguém precisou dizer que havia colocador o "Bule" em qualquer órbita. Acreditando que os sofrimentos da vida fossem causados pelo temperamento instável do "Bule Voador", extremaram-se até em sacrifícios, podemos julgá-los errados ou podemos dizer que acreditaram no "bule Voador" errado, mas não podemos dizer que não viveram com a certeza de sua existência.

Os pagãos abundaram em "Bules Voadores", e de muitas formas o cultuaram, seus ritos muitas vezes incompreensíveis aos não iniciados, carregavam definições milenares de contatos com estes "Bules Voadores", que tanta influência em suas vidas exercia.

Os Gregos, até destinavam um lugar sagrado aos seus "Bules Voadores", talvez fizesse parte de sua crença que um dia, cansado de orbitar corpos celestes, o "Bule Voador" sentaria no olimpo.

Os habitantes da ilha da páscoa, os aborígenes da Oceania, os caldeus na Mesopotâmia, os Egípcios seguindo o rio Nilo, todos podem não ter visto o "Bule Voador" mas jamais duvidaram de sua existência, os povos nórdicos tinham até "Bule Voador" com martelo.

E os Judeus? Sempre acreditaram que seu "Bule Voador", voava por eles e assim viveram e vivem a milhares de anos, pode ser que todo o contato que diziam ter com seu "Bule Voador" fosse ilusão, desespero e desejo, mas este "Bule Voador" que jamais viram foi sempre sem dúvida determinante na história deste povo e não foi preciso descobrir quem colocou o "Bule Voador" a voar.

Eu jamais pedira que russel provasse sua história do "Bule Voador", se sua existência fosse a única explicação plausível, do porquê tantos povos distantes no tempo e no espaço, desejassem chá de um mesmo bule.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ateus

…sou cristão.

Os agnósticos, afirmam que Deus não pode ser conhecido pela razão, portanto, seria um Deus tão inútil, que tanto faz existir ou não existir.

Alguns ateus cobram dos crentes e de um possível Deus, a falta de interação com o mundo.

O sofrimento, conjunto de casos e acasos que afetam o ser humano de forma negativa, é motivador de livros e explicações complicadas e gerador tanto de grupos de ateus quanto de multidões de seitas.

O sofrimento injustificado quando intenso, daqueles que nos joga no chão e do qual não vemos saída, nos faz perguntar porquê?… E isto nem importa se cremos que exista algo supernatural, e mesmo não acreditando que tenhamos a quem fazer a pergunta, ainda assim, quando a dor nos impede de continuar, desejamos saber que fizemos de errado, e sofremos… Porquê?…

Ouvi falar de pessoas que nunca sofreram, ou que quando isto aconteceu foram até magnânimas, aceitaram o sofrimento tal qual um oriental, dizendo --é assim mesmo que tem que ser, jamais se revoltou contra o céu, por que o céu jamais existiu. Um verdadeiro ateu, creio eu, seria aquele que se estivesse pintando a sua casa e percebendo um tsunami se aproximando, sem condição de fuga, continuaria sua tarefa, nada o faria olhar para o céu e pensar como poderia ser diferente. É uma forma de vida estranha, mas é uma forma de vida.

Mas é interessante que os ateus com quem já conversei, não são pessoas resignadas com o destino, são combativas, quase sempre são ateus, não por preferirem que Deus não exista, mas por não aceitarem um Deus que acreditam omisso.

Para os Cristãos, disse Cristo, pedi e será dado… mas a única coisa que se pode pedir é a fé, o mais estranho seria qualquer não crente pedindo a fé, tão estranho quanto um crente pedindo fé, esta dificuldade é tão clara que nas bem aventuranças (Bíblia), Cristo relaciona, não pessoas, mas condições humanas que levam uma pessoa a pedir a fé: felizes os pobres de espirito; felizes os que choram; felizes os perseguidos; e outros.

Se eu creio em Deus, se eu aceito que a razão humana não tem como conhecer Deus, a iniciativa de tornar-se conhecido tem que ser dEle. A fé não paga minhas contas, não aumenta a nota na escola, não me faz mais bonito, mas permite que mesmo que meus defeitos e sofrimentos ainda existam, que eles não sejam impecílhos para minha felicidade.

Os homens de fé, conhecidos com santos, foram pessoas felizes por que em algum momento de sua vida aceitaram a fé, eles não foram felizes porque sua fé os levou a procurar uma morte muitas vezes prematura e horrível, mas a fé os tornou felizes, e para não abdicar de sua fé não fugiram, mesmo de uma morte prematura e horrível.
Um homem de fé não procura a morte, mas não a considera tão importante assim.

Eu acredito que Deus exista…

Os ateus dizem ter certeza que Ele não existe, mas eles querem saber, porque Ele deixa estas desgraças acontecerem…

Se Ele não existe, é preciso que seja feita alguma coisa para minorar o sofrimento de pessoas sofredoras em volta do mundo… porquê?

Precisamos ser submissos a algum código de ética determinado por não sei quem?

Que motivo elevado nos faria aceitar sacrifícios próprios em benefício de quem jamais obteremos retorno?

Se não fizermos nada para ajudar quem quer que seja, isto significaria algum demérito? frente a que?

Se sabemos que tudo acontece como tem que acontecer, que o acaso deverá conduzir e/ou destruir toda a vida, que justificativa nós poderíamos ter para interferir com a sina de quem quer que seja e com isto prejudicar nossa própria sina? Sacrificar-me por nada??????

O sofrimento como vemos, não garante a ausência de Deus no mundo, mas a nossa passividade, garante a falta de Deus em Nós.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Monotonia

Excerto de Ortodoxia de G.K.Chesterton


Mas talvez Deus seja forte o suficiente para exultar na monotonia. E possível que Deus todas as manhãs diga ao sol: "Vamos de novo"; e todas as noites à lua: "Vamos de novo". Talvez não seja uma necessidade automática que torna todas as margaridas iguais; pode ser que Deus crie todas as margaridas separadamente, mas nunca se canse de criá-las. Pode ser que ele tenha um eterno apetite de criança; pois nós pecamos e ficamos velhos, e nosso Pai é mais jovem do que nós. A repetição na natureza pode não ser mera recorrência; pode ser um bis teatral. O céu talvez peça bis ao passarinho que botou um ovo.

Se o ser humano concebe e dá à luz uma criança e não um peixe, ou morcego, ou grifo, a razão talvez não seja o fato de estarmos presos num destino animal sem vida ou propósito. Pode ser que nossa pequena tragédia tenha emocionado os deuses; pode ser que eles a apreciem de seus camarotes estrelados; pode ser que no fim de cada drama humano o homem seja chamado repetidas vezes a voltar ao palco. A repetição pode continuar por milhões de anos, por mera escolha, e a qualquer instante pode parar. O ho­mem pode permanecer sobre a terra geração após geração, e, no entanto, cada nascimento pode definitivamente ser sua última aparição.

Essa foi minha primeira convicção; criada pelo choque de minhas emoções infantis com o credo moderno, sendo eu já veterano. Vagamente eu sempre sentira que os fatos eram milagres no sentido de que eram maravilhosos: agora começava a considerá-los milagres no sentido mais estrito de que eram voluntários. Quero dizer que eram, ou pode­riam ser, exercícios repetidos de alguma vontade. Em resu­mo, eu sempre acreditara que o mundo envolvia uma mágica: agora achava que talvez ele envolvesse um mági­co. E isso apontava para uma emoção profunda sempre presente e subconsciente; de que este nosso mundo tem algum propósito; e se há um propósito, há uma pessoa. Eu sempre sentira a vida primeiro como uma história; e se há uma história há um contador da história.

Felicidade

"Nós podemos usufruir de todos os prazeres, mas nem todos nos convém."
Eu posso buscar o prazer, e isto me trará alegria, euforia e sedação.

As pesquisas científicas, já definem quais são as substâncias que o corpo gera responsáveis pelas sensações de prazer, euforia, sedação e tantos outras tantas, breve poderemos comer uma ração humana sem nenhum sabor, que a agradável sensação esperada de um prato delicioso será injetado de uma forma automática em nosso organismo. Teremos resolvido o problema dos gulosos. Da mesma forma todos a luxuria será muito mais luxuriante, talvez quem sabe. até extenuar ou até a morte do promíscuo, dependendo apenas da dose adquirida de prazer. Esta substâncias não poderiam ser proibidas por serem naturais e geradas pelo corpo, embora tivessem o mesmo trágico desfecho das drogas atuais.

Quando chega o carnaval, você vai ao clube, ao bloco ou aonde for, encontrar uma sensação, uma alegria de ver pessoas alegres, é como se, se ele estiver alegre eu estarei alegre se eu estiver alegre, ele estará alegre, nos dois fingimos, alegria garantida. Somando a isto uma garantia de ser destaque, nem que seja só na minha cabeça, onde todos são destaques, onde cada um olha apenas para si, crendo que todos olham para mim. Tantas pessoas lindas por perto... As pessoas feias continuam feias, apenas as exigências ficam rebaixadas.

Com o controle sobre as substâncias que definem o prazer em nosso corpo, quando teremos o controle sobre algo que determine a felicidade em nossa vida?
Porque fomos feitos para felicidade, e qualquer um que seja totalmente feliz tem o direito de dizer para si mesmo: "Estou fazendo a vontade de Deus na terra."
(Dostoievski)
"Eu vim para que todos tenham felicidade e a tenham em abundância."
A grande infelicidade é não saber o que Deus quer de nós.


Os santos não foram santos, porque procuraram uma morte horrível e prematura, mas foram santos por terem uma vida repleta de felicidade e dela não abrirem mão até a morte.

sábado, 5 de março de 2011

Relativismo relativo

Quando uma pessoa afirma de forma categorica que não existe verdade absoluta, quase sempre está querendo afirmar que desconhece uma verdade que possa considerar absoluta, isto é apenas um atestado de ignorância que possivelmente todos poderiamos assinar.

A semelhança entre um relativista e um católico é que ambos concordam que nesta nossa existência é muito difícil que algo possa ser considerado absoluto, e que as poucas coisa que podem ser consideradas, são abstratas, a diferença é que apenas o católico valoriza a sua vida considerando a existência real de verdade absoluta.

Um dos ensinamentos da Bíblia é que não devemos nos apegar a nada material, porque tudo o que se pode acumular de valores materiais nesta vida, nada valerão na vida futura, é a maior lição de relativismo que se poderia encontrar. Quando este conhecimento é aceito, cria-se um vácuo de valor, que se não é preenchido, derruba toda a base de sanidade de nossa caminhada.

" Eu sou o caminho, a verdade, a vida". É a salvação de nossa saúde mental.

Quando achamos um ateu que não acredita na Verdade, encontramos um sofredor coerente, quando encontramos quem se diz católico que não acredita na Verdade, encontramos um doente.

Crer que a Verdade absoluta tem que existir é muito fácil, porque crer, ter fé, ultrapassa o meu livre arbítrio no sentido em que após eu bater na porta dívina súplicando a fé, mesmo que eu me comporte como um ateu, não terei mais a liberdade de apagar a fé como se jamais a tivesse conhecido.
A fé, gratuitamente, nós recebemos de Deus quando a pedimos, é a única coisa que precisamos pedir, e somente a pedimos e recebemos, quando aceitamos que não podemos compreender nossa exitência sem a existência de Deus.

Atualmente, há que acredite que as leis da ciência estão tão avançadas, que eliminam a necessidade de Deus e ainda nem sabemos como e quem determinou estas leis, tão bem obedecidas.

Qualquer pessoa pode pedir a fé, com seu coração aberto e com certeza a receberá, é evidente que os pobres, os mansos, os injustiçados, os que choram, os misericordiosos, estão mais propensos a bater à porta.

Para ter fé basta ser simples, mas para ser ateu é preciso ser sofisticado.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Sobre a razão no livro dos espiritos

Há algum tempo, uma amiga católica, influenciada no ambiente de trabalho, passou a achar a doutrina espirita, mas conveniente de ser seguida, era , segundo ela mais baseada na razão, então apenas para que ela avaliasse, li o "Livro dos espíritos" de Allan Cardec e recortei as frases onde a palavra razão tinha o significado de juízo, talvez muitos prefiram ler no livro para contornar possíveis alterações de contexto, mas para a necessidade daquele momento foi suficiente.


" O uso da razão no livro dos espíritos".

  • O homem que considera que o seu saber é infalível está bem perto do erro. Mesmo os que defendem as mais falsas ideias apoiam-se sempre na sua razão...

  • ...aí encontrará a solução de mais de um mistério que sua razão procura inutilmente penetrar.

  • Espiritismo é o antagonista mais terrível do materialismo! ... ..., eles se defendem com o manto da razão e da ciência,


  1. A razão nos diz que entre o homem e Deus deve haver outros escalões...

  2. A razão diz que um efeito inteligente deve ter como causa uma força inteligente, e os fatos provaram que essa força pode entrar em comunicação com os homens por meio de sinais materiais...

  3. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e a vossa razão vos responderá.

  4. A razão vos diz, de fato, que Deus deve ter essas perfeições em grau supremo,O que se pode opor a esse raciocínio?

  5. – A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer o absurdo disso.

  6. Entretanto, há uma coisa que a vossa razão deve deduzir

  7. ...e, entretanto, a própria razão diz que não pode ser de outro modo.

  8. A razão, apoiada na ciência, reconheceu a...

  9. A religião nos ensina que não pode ser assim, e a razão o confirma.

  10. A razão não vos diz que seria injusto privar, para sempre, da felicidade eterna todos aqueles cujo aprimoramento não dependeu deles mesmos?

  11. A razão nos demonstra essa doutrina e os Espíritos a ensinam.

  12. Coloquemo-nos, momentaneamente, num terreno neutro, admitindo o mesmo grau de probabilidade para uma e outra hipótese, isto é, a pluralidade e a unicidade das existências corporais. Vejamos para qual lado nos guiará o nosso interesse e a razão.

  13. Da mesma forma, nós a teríamos rejeitado, mesmo que tivesse vindo dos Espíritos, se nos parecesse contrária à razão,

  14. ...cabe a nós julgar friamente e pesar suas revelações na balança da razão.

  15. As leis divinas são as mesmas para todos os mundos?
    – A razão diz que devem ser apropriadas à natureza de cada mundo e proporcionais ao grau de adiantamento dos seres que os habitam.

  16. O ensinamento dos Espíritos deve ser claro e inequívoco, a fim de que ninguém possa alegar ignorância e cada um possa julgá-lo e apreciá-lo com a razão.

  17. Tudo é relativo e cabe à razão distinguir cada coisa.

  18. A ideia do nada tem algo contrário à razão.

  19. Interrogai o bom senso, a razão, e perguntai-vos se uma condenação perpétua por causa de alguns momentos de erro não seria a negação da bondade de Deus.

  20. A razão humana é limitada, é bem verdade, mas mesmo assim é um presente de Deus. Assim, com a ajuda da razão, não existe uma única pessoa de boa-fé que não seja capaz de compreender a natureza relativa da noção de castigos eternos!

  21. Mas se esses castigos são apresentados de maneira que a razão se recuse a acreditar neles, não terão nenhuma influência.

  22. Não exige uma crença cega, quer que se saiba por que se crê; ao se apoiar na razão, será sempre mais forte do que aqueles que se apoiam no nada.

  23. A razão deve ser o supremo argumento e a moderação assegurará melhor o triunfo da verdade do que as críticas envenenadas pela inveja e pelo ciúme.

Filosofia para a sala de aula

G. K. Chesterton



O que o homem moderno precisa aprender é simplesmente que todo argumento tem em sua base uma suposição; isto é, algo de que não se duvida. É claro que você pode, se quiser, duvidar da suposição que está na base de seu argumento, mas nesse caso estará começando um argumento diferente com uma outra suposição em sua base. Todo argumento começa com um dogma infalível, e esse dogma infalível só pode ser discutido se recorrermos a algum outro dogma infalível; você jamais poderá provar seu primeiro enunciando, ou então ele não será o primeiro. Isto é o bê-á-bá do pensamento. Que tem um ponto especial e positivo: pode ser ensinado na escola, como o outro bê-á-bá. Não começar uma argumentação sem antes declarar seus postulados é algo que pode ser ensinado em filosofia como é ensinado em Euclides, numa sala de aula comum com um quadro-negro. E penso que deveria ser ensinado de maneira simples e racional mesmo para os jovens, antes de saírem para as ruas e serem entregues à lógica e à filosofia dos meios de comunicação.
Muito da nossa confusão sobre religião e das nossas dúvidas advém disto: nossos céticos modernos sempre começam afirmando aquilo em que não acreditam. Mas mesmo de um cético queremos saber primeiro em que ele acredita. Antes de discutir, precisamos saber o que é que não se discute. E essa confusão aumenta infinitamente pelo fato de que todos os céticos do nosso tempo são céticos em diferentes graus da dissolução que é o ceticismo.
Agora, você e eu temos, espero, esta vantagem sobre todos esses hábeis novos filósofos: não estamos malucos. Todos nós acreditamos na Catedral de São Paulo; muitos de nós acreditam em São Paulo. Deixem-nos afirmar claramente este fato, que acreditamos em um grande número de coisas que fazem parte de nossa existência, e que não podemos demonstrar. E por ora deixemos a religião fora de questão. Afirmo que todos os homens sãos acreditam firme e invariavelmente em um certo número de coisas não demonstradas nem demonstráveis. Permitam-me apontá-las resumidamente:

1ª. Todo homem são acredita que o mundo ao seu redor e as pessoas que nele estão são reais, e não uma ilusão sua, ou um sonho. Nenhum homem começa a incendiar Londres na crença de que seu criado logo o acordará para o café da manhã. Mas o fato de que eu, em qualquer momento dado, não estou em um sonho não está demonstrado nem é demonstrável. O fato de que existe alguma coisa exceto eu mesmo não está demonstrado nem é demonstrável.
2ª. Todos os homens sãos acreditam não somente que este mundo existe, mas que ele é importante. Todo homem acredita que há em nós uma espécie de obrigação de nos interessarmos por essa visão ou panorama da vida. O homem são consideraria errado o homem que dissesse: "Eu não escolhi esta farsa e ela me aborrece. Sei que uma velha senhora está sendo assassinada no andar de baixo, mas estou indo dormir." Que exista alguma obrigação de melhorar as coisas que não foram feitas por nós não está demonstrado nem é demonstrável.
3ª. Todos os homens sãos acreditam que há algo que chamamos eu, ou ego, que é contínuo. Não há um centímetro de matéria em meu cérebro que permaneça a mesma de dez anos atrás. Mas se eu salvei um homem em uma batalha há dez anos atrás, sinto-me orgulhoso; se fugi, sinto-me envergonhado. Que haja algo como esse "eu" que permanece não está demonstrado nem é demonstrável. E isto é mais do que não demonstrado ou demonstrável; é matéria de discussão entre muitos metafísicos.
4ª. Por fim, a maioria dos homens sãos acredita, e todos os homens sãos na prática assumem-no, que eles têm poder de escolha sobre suas ações, e que são responsáveis por elas.

Seguramente é possível estabelecer alguns enunciados simples, modestos como os acima, para fazer com que as pessoas saibam em que apoiar-se. E se o jovem do futuro não deverá (no momento) ser instruído em nenhuma religião, poderá ser ao menos ensinado, clara e firmemente, sobre três ou quatro sanidades e certezas do pensamento humano livre.